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Justiça do DF condena Jaqueline Roriz e Weslliane Roriz por lavagem de dinheiro

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O juiz Marcio Evangelista Ferreira da Silva, da 2ª Vara Criminal de Brasília, condenou duas filhas do ex-governador Joaquim Roriz por lavagem de dinheiro. Weslliane Roriz e a ex-deputada federal Jaqueline Roriz foram sentenciadas a três anos de reclusão, em regime inicialmente aberto. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.

O processo diz respeito a acusação de que as duas teriam sido beneficiadas com propina paga a Joaquim Roriz, à época governador do Distrito Federal. Segundo o Ministério Público, o ex-chefe do Executivo teria recebido imóveis para interferir na concessão de empréstimos pelo Banco de Brasília (BRB).

Além de Jaqueline e Weslliane, também foram condenados os empresários Roberto Cortopassi Júnior e Renato Salles Cortopassi, o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklim de Moura, e os ex-diretores do banco Antonio Cardoso de Oliveira e Geraldo Rui Pereira.

O advogado José Milton Ferreira que representa as irmãs Jaqueline e Weslliane Roriz disse ao G1 que vai recorrer da decisão (veja mais abaixo). A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos outros condenados.

Como a decisão é de primeira instância, nenhum dos réus terá de cumprir a pena imediatamente.

Confira abaixo a pena de cada um dos condenados:

  • Jaqueline Roriz: condenada a 3 anos de reclusão em regime aberto, além de 10 dias multa, por lavagem de dinheiro;
  • Weslliane Roriz: condenada a 3 anos de reclusão em regime aberto, além de 10 dias multa, por lavagem de dinheiro;
  • Roberto Cortopassi Júnior: condenado a 5 anos e 8 meses de reclusão, em regime semiaberto, além de 23 dias multa, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro;
  • Renato Salles Cortopassi: condenado a 5 anos e 8 meses de reclusão, em regime semiaberto, além de 23 dias multa, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro;
  • Tarcísio Franklim de Moura: condenado a 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime aberto, além de 13 dias multa, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
  • Antonio Cardoso de Oliveira: condenado a 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime aberto, além de 13 dias multa, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
  • Geraldo Rui Pereira: condenado a 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime aberto, além de 13 dias multa, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;

Defesa e acusação

Ao G1, o advogado José Milton Ferreira, que representa a família Roriz, afirmou que vai recorrer da decisão. “A condenação é completamente absurda e afastada da instrução processual. Não há nenhuma prova contra elas”, afirma.

Ainda de acordo com o advogado, Liliane Roriz, irmã de Weslliane e Jaqueline, já foi absolvida no mesmo caso pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT). À época, a denúncia contra ela foi analisada pela Corte Especial porque Liliane era deputada distrital e, por isso, tinha direito a foro privilegiado.

A deputada Liliane Roriz (PTB) em entrevista na casa dela — Foto: TV Globo/ReproduçãoA deputada Liliane Roriz (PTB) em entrevista na casa dela — Foto: TV Globo/Reprodução

A deputada Liliane Roriz (PTB) em entrevista na casa dela — Foto: TV Globo/Reprodução

Já o promotor Clayton Germano, que representou o Ministério Público do DF no caso, informou que ainda não teve acesso à integra da sentença, mas não deve recorrer. “O fato de os acusados terem sido condenados é um indicativo de que não vamos recorrer. Mas vou ver a sentença e analisar se pediremos aumento das penas.”

Corrupção em empréstimos

A condenação foi proferida em processo que apurava irregularidades na concessão de empréstimos pelo Banco de Brasília, em 2004. Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público, os empresários Roberto Cortopassi e Renato Cortopassi procuraram o então governador Joaquim Roriz com o objetivo de conseguir um empréstimo junto ao banco.

O dinheiro seria utilizado para a construção do Edifício Monet, empreendimento residencial com 96 apartamentos, em Águas Claras. De acordo com o MP, Roriz então acionou o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin e determinou a concessão do dinheiro, no total de R$ 6,7 milhões.

Residencial Monet, em Águas Claras — Foto: Reprodução/Google Street ViewResidencial Monet, em Águas Claras — Foto: Reprodução/Google Street View

Residencial Monet, em Águas Claras — Foto: Reprodução/Google Street View

A ordem também teria sido repassada aos ex-diretores do banco Antonio Oliveira e Geraldo Pereira. Após a conclusão das obras, segundo o Ministério Público, a família Roriz foi beneficiada com 12 apartamentos no edifício. Os imóveis teriam sido transferidos às três filhas do ex-governador e a empresas ligadas a elas.

A denúncia afirma ainda que, para dar ares de legalidade à transação, os parentes de Roriz teriam simulado a compra dos apartamentos por meio de uma empresa.

Os acusados, por sua vez, afirmaram em defesa que a ação penal foi baseada em “ilações maldosas” e “fatos absolutamente falsos”.

Ex-governador Joaquim Roriz, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV GloboEx-governador Joaquim Roriz, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Globo

Ex-governador Joaquim Roriz, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-governador Joaquim Roriz também era réu na ação, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em 2017, no entanto, o processo contra ele foi suspenso depois que laudos apontaram insanidade mental do acusado. Em setembro do ano passado, Roriz morreu, aos 82 anos, em decorrência de complicações de uma pneumonia.

G1

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