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Militares se rebelam no norte da Venezuela, mas são rendidos, diz governo

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Por G1

Deputado socialista diz que rebelião militar contra Nicolás Maduro foi controlada

Deputado socialista diz que rebelião militar contra Nicolás Maduro foi controlada

Um grupo de militares do chamado Forte Paramacay, no estado de Carabobo, na Venezuela, promoveu um levante neste domingo (6) contra o governo de Nicolás Maduro. O grupo divulgou um vídeo em que anunciou a rebelião e pediu uma ampla revolta contra Maduro, além de eleições livres, mas foi rendido por outros membros das forças de segurança, segundo anunciou o presidente.

Durante a rebelião, duas pessoas morreram e outra ficou ferida, disse Maduro. A base militar tomada pelos insurgentes fica na cidade de Valência, a cerca de 160 quilômetros de Caracas, e tem o principal conjunto de blindados da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), o exército venezuelano.

De acordo com a correspondente da GloboNews, Eliana Jorge, vizinhos da região ouviram detonações nas proximidades do comando. De acordo com ela, a Brigada de Valência é uma das que têm maior poder de fogo no país.

 (Foto: G1 )  (Foto: G1 )

(Foto: G1 )

Os arredores do forte, sede da 41ª Brigada do Exército, foram protegidos por helicópteros e militares em tanques e fortemente armados, num ambiente de alta tensão.

Dezenas de pessoas se manifestaram em apoio ao grupo de militares que se rebelou. O ato começou após a notícia da invasão do quartel. Os primeiros manifestantes começaram a pedir a pedestres que passavam pelas imediações da base para que se unissem a eles. Os participantes foram dispersados pelas forças de segurança enquanto cantavam o hino nacional e gritavam palavras de apoio aos militares insurgentes.

‘Tirania assassina’

No vídeo divulgado por eles, um grupo de 20 homens com trajes militares e armas acompanham um porta-voz, identificado como capitão Juan Caguaripano, que se declara em rebeldia contra “a tirania assassina de Nicolas Maduro” e diz que tem o apoio de de tropas na ativa e de reserva, de policiais e “homens e mulheres valentes amantes da paz e da liberdade”.

Moradores de Valência, na Venezuela, fazem barricada durante manifestação contra o presidente Nicolás Maduro (Foto: REUTERS/Andres Martinez Casares) Moradores de Valência, na Venezuela, fazem barricada durante manifestação contra o presidente Nicolás Maduro (Foto: REUTERS/Andres Martinez Casares)

Moradores de Valência, na Venezuela, fazem barricada durante manifestação contra o presidente Nicolás Maduro (Foto: REUTERS/Andres Martinez Casares)

“Nos declaramos em legítima rebeldia, unidos hoje mais do que nunca, com o bravo povo da Venezuela para rejeitar a tirania assassina de Nicolás Maduro. Esclarecemos que isso não é um golpe de Estado, é uma ação cívica e militar para restabelecer a ordem constitucional”, afirma Caguaripano no vídeo.

“Como militares institucionais, reconhecemos e respeitamos a Assembleia Nacional [de maioria opositores]. Mas exigimos que esta reconheça e respeite a vontade de um povo para livrar-se da tirania”, afirma. “Exigimos a formação imediata de um governo de transição e eleições gerais livres, com poderes públicos independentes”, acrescenta.

De acordo com a agência Efe, Caguaripano está afastado da GNB por traição à pátria e rebelião em 2014, quando tornou público seu desprezo à chamada revolução bolivariana após a represália aos protestos antigovernamentais daquele ano, que tiveram saldo de 43 mortes, segundo um balanço oficial.

A partir daquele momento, ele permaneceu na clandestinidade e foi apontado como um dos artífices de um plano golpista frustrado em 2015 que incluía matar Maduro, segundo o chavismo governante, e recebeu o nome de “Operação Jericó”.

Militares detidos

O exército atribuiu o ataque à oposição, de acordo com a agência Efe. Júlio Borges, líder da oposição no Parlamento venezuelano, retrucou a acusação e exigiu que Maduro diga a ‘verdade’ sobre o atentado.

O governo qualifica o ocorrido como um “ataque terrorista”. O dirigente chavista Diosdado Cabello fez o anúncio da rebelião logo após a divulgação do vídeo: “Na madrugada atacantes terroristas entraram no Forte Paramacay em Valência, atentando contra a nossa FANB. Vários terroristas detidos”.

Ele que o grupo foi rendido por outros membros das Forças Armadas e que planos de defesa foram ativados e tropas foram deslocadas para garantir a segurança no local.

Cabello é um dos mais de 500 membros chavistas da Assembleia Nacional Constituinte, instalada na sexta-feira em meio ao forte repúdio internacional e da oposição, que a denuncia como uma fraude para instaurar uma “ditadura comunista”.

Mais tarde, o presidente Nicolás Maduro também afirmou que as forças de segurança conseguiram render os “atacantes terroristas”. “Quero parabenizar a Força Armada Bolivariana pela reação imediata que teve frente ao ataque terrorista”, disse. “Há uma semana os vencemos com votos e hoje tivemos que vencer o terrorismo com balas”, disse em alusão às eleições de sua toda-poderosa Assembleia Constituinte.

Maduro disse que nove dos atacantes eram civis. Maduro informou que “uns 20 mercenários” entraram às 03h50 locais (04h50 de Brasília), “surpreenderam a vigilância e se dirigiram diretamente aos parques de armas”.

Após a voz de alerta, “em questão de minutos” os soldados e oficiais reagiram à invasão e responderam com fogo em um combate que durou até as oito da manhã e “fizeram os atacantes fugir”. Ainda segundo o presidente, os mesmos continuavam sendo procurados.

O chefe do Comando Estratégico Operacional da FANB, o almirante Remigio Ceballos, afirmou que, dos 20 militares que tomaram o controle do Forte Paramacay, sete pessoas foram detidas e “estão contribuindo com informações”.

Manifestantes protestam contra o governo de Nicolas Maduro em frente a base militar em Valencia, na Venezuela (Foto: AP Photo/Juan Carlos Hernandez) Manifestantes protestam contra o governo de Nicolas Maduro em frente a base militar em Valencia, na Venezuela (Foto: AP Photo/Juan Carlos Hernandez)

Manifestantes protestam contra o governo de Nicolas Maduro em frente a base militar em Valencia, na Venezuela (Foto: AP Photo/Juan Carlos Hernandez)

Segundo Padrino, essas pessoas teriam confessado ter sido contratadas por “ativistas da extrema-direita venezuelana em conexão com governos estrangeiros” e que “parte do grupo conseguiu furtar algumas armas”, que “órgãos de segurança já estão buscando”.

Maduro denuncia frequentemente planos de golpe de Estado da oposição, apoiada pelos Estados Unidos.

‘Conspiração contínua’

O ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, reagiu ao ocorrido com uma mensagem no Twitter: “Não puderam com a FANB, com sua moral, nem com a sua consciência constitucional; agora pretendem agredi-la com ataques terroristas. Não poderão”, disse.

Padrino disse em comunicado que a rebelião foi “um ataque terrorista do tipo paramilitar”, executado por “um grupo de delinquentes civis vestindo uniformes militares e por um primeiro-tenente em situação de deserção”.

“Faz parte dos planos de desestabilização e conspiração contínua” para “evitar que se consolide o renascimento da nossa república”, completou Padrino, em referência à Assembleia Constituinte de Maduro.

Nos últimos meses, vários militares foram detidos pela Contrainteligência Militar venezuelana por estarem envolvidos com supostos planos de insurreição, entre eles alguns generais, mas as autoridades reiteraram o respaldo firme da FANB ao governo.

G1

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