A chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Laura Chinchilla, avaliou nesta segunda-feira (8) que o primeiro turno da eleição transcorreu com “profissionalismo e perícia técnica”, mas houve “polarização e agressividade”.
Neste domingo (7), foram eleitos deputados estaduais, federais, distritais, senadores e 13 governadores. O segundo turno está marcado para o próximo dia 28 e definirá o próximo presidente da República e mais 14 governadores.
Esta é a primeira vez que uma delegação da OEA acompanha a eleição no Brasil – a visita foi feita a convite do governo.
Ao todo, cerca de 40 observadores estão em 12 Estados e no Distrito Federal, visitando dezenas de locais de votação.
‘Agressividade’
Segundo um relatório preliminar da OEA, houve preocupação com a “polarização e agressividade” da campanha. É mecionado, por exemplo, o atentado a Jair Bolsonaro (PSL) em setembro, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
A OEA também destacou ameaças físicas e digitais contra mulheres e jornalistas durante o período eleitoral. “A missão condena veementemente esse ataque.”
Para a organização, os candidatos que passaram para o segundo turno precisam fazer uma campanha “menos tensa” e “mais centrada na discussão de ideias e propostas do que nos ataques pessoais”, contribuindo, assim, para “reduzir a polarização social”.
Propostas e conteúdo falso
Sobre o que foi apresentado pelos candidatos, a missão considerou que houve expressões adotadas com tom discriminatório e excludente. Por isso, defendeu que no segundo turno os candidatos foquem em propostas.
Em outro trecho do relatório, a OEA destacou o esforço do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em combater a disseminação de conteúdo falso na web, chamado de “propaganda online de desinformação e notícias falsas”.
Neste domingo, por exemplo, Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo no Facebook sobre o resultado na qual mencionou um vídeo em que o eleitor diz apertar a tecla 1 a urna, automaticamente, acrescenta o 3, formando o 13, número de Fernando Haddad. Esse vídeo é uma montagem e é #Fake.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já declarou que o Ministério Público “não hesitará” em combater a disseminação desse tipo de vídeo.
Urna eletrônica
A OEA informou ter visitado 390 seções em 130 locais de votação em 12 estados e no Distrito Federal e não observou problemas com a urna eletrônica.
Lamentou, porém, que alguns partidos não fizeram uso do espaço para “fiscalizar as diferentes etapas do processo”.
A missão diz também que observou problemas com a biometria devido à falha na leitura das digitais dos eleitores, mas que foram resolvidos nas seções.
“Não encontramos nenhum elemento que possa comprometer o processo eleitoral”, afirmou. “Ninguém nos denunciou nada nesse sentido [de que pudesse afetar a legitimidade da eleição]”, acrescentou.
Problemas não afetam resultado
Laura Chinchilla afirmou também que que nenhum dos problemas vistos pela OEA neste domingo podem afetar o resultado eleitoral.
Segundo ela, a disseminação de conteúdo falso não é um problema exclusivo do Brasil, mas afeta a vida social atualmente.
“É um desafio enorme, mas, ao menos no caso do Brasil, medidas estão sendo tomadas para combater as notícias falsas. […] O Brasil não está cruzando os braços. Os brasileiros estão buscando alternativas que permitam neutralizar o efeito das fake news. Em uma campanha eleitoral, muito começa pelo discurso político, por isso, temos sugerido que ele se assente sobre a informação verdadeira, objetividade e respeito.”
G1