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Organização criminosa responsável por esquema de lavagem de dinheiro é alvo de operação no ES e mais 3 estados

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Por Naiara Arpini e Daniela Carla, G1 ES e TV Gazeta


VÍDEO: PF mira empresa apontada como 'prestado de serviços' de lavagem de dinheiro

VÍDEO: PF mira empresa apontada como ‘prestado de serviços’ de lavagem de dinheiro

Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (15) para desarticular uma organização criminosa com atuação interestadual e internacional cumpriu mandados no Espírito Santo e em outros três estados.

De acordo com as investigações, o grupo agia como uma “prestadora de serviços” de lavagem de dinheiro para outras organizações criminosas e movimentou mais de R$ 800 milhões em um ano e meio.

Em território capixaba, a Operação Piànjú ocorreu de forma simultânea nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica.

Buscas foram feitas em uma marina da capital e em uma loja de veículos de Vila Velha, além de em outros imóveis. Foram apreendidos carros de luxo, motos aquáticas e embarcações. Segundo a Polícia Civil, três pessoas foram presas no Estado.

Os nomes dos detidos não foram informados pela polícia. No entanto, a TV Gazeta conseguiu conversar com dois deles, identificados como Wilson Cauduro e Pablo Sandes, e com os advogados deles. Ambos não quiseram falar sobre o assunto. Os advogados afirmam que irão primeiramente se inteirar sobre o inquérito para depois se manifestar.

De acordo com o titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, delegado João Paulo Pinto, os empresários detidos eram responsáveis pela organização criminosa investigada, que recebia dinheiro de empresas de outros estados e enviava parte da quantia para o exterior.

“Esse dinheiro era enviado por empresas de São Paulo, envolvidas, inclusive, na operação Lava Jato, para empresas de fachada no Espírito Santo. Dessa empresa de fachada, eram enviados para empresa que existia fisicamente. Essa última empresa fraudava notas fiscais internacionais e operações de câmbio, pagava todos os impostos relativos ao envio desse dinheiro para o exterior e, assim, eles cometiam a fraude. O lucro que tinham com lavagem de dinheiro, usavam para montar essas empresas [ do ramo náutico e veicular]. E a partir daí agiam com se fossem empresários bem-sucedidos”, disse o delegado.

Também foram cumpridos mandados em São Paulo (capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió).

Ao todo, foram expedidos mais de 120 mandados judiciais, sendo:

  • 18 mandados de prisão preventiva
  • 5 mandados de prisão temporária
  • 30 mandados de busca e apreensão
  • 23 sequestros de embarcações
  • 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e
  • 2 ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.

Entre as ordens de busca e apreensão encontravam-se 12 imóveis, três veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações.

Operação cumpre mandados no ES contra 'prestadora de serviços' de lavagem de dinheiro

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Esquema

O grupo criminoso atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, como lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.

A investigação conduzida pela Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos do Espírito Santo (DFRV/DEIC) começou com um registro de roubo de caminhão.

Durante a apuração a polícia descobriu que o veículo não existia e era, na verdade, usado por empresa de fachada. Ela tinha ligação com outras empresas que também não existiam e agiam como “prestadoras de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas.

A organização tinha, inclusive, ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal.

Entre elas, a Operação Chorume, a Operação Descarte, bem como empresas que já foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, além de uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por desvios de mais de R$ 98 milhões em ICMS.

Os beneficiários da lavagem, ou seja, os “clientes” da organização, tinham os valores remetidos para contas de empresas na China e Estados Unidos.

“Estamos tentando descobrir se esse dinheiro que foi para China e Estados Unidos voltou de alguma forma para o Brasil e para quem ele voltou”, disse o delegado João Paulo Pinto.

Operação

A operação foi deflagrada pela Polícia Civil do Espírito Santo, por meio da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV/DEIC) e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), mas tem apoio das Polícias Civis de São Paulo, Alagoas e Ceará e da Capitania dos Portos.

Ao todo, participam 118 agentes, entre delegados, investigadores e agentes das Polícias Civis, além de promotores de Justiça e agentes do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Espírito Santo e de São Paulo.

Polícia faz operação contra quadrilha que lavava dinheiro para organizações criminosas

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