A Polícia Federal (PF) informou nesta quarta-feira (24) que os investigadores que cumpriram, na véspera, os mandados judiciais da Operação Spoonfing identificaram que o celular de um dos quatro suspeitos de invadir telefones de autoridades tinha uma conta com o nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, no aplicativo de mensagens Telegram.
Na última segunda-feira (22), a assessoria do ministro da Economia divulgou que o celular de Paulo Guedes havia sido hackeado.
Celular do ministro Paulo Guedes é hackeado, diz assessoria
Na ocasião, a assessoria de Guedes disse que, por volta de 22h30 daquele dia, o telefone do ministro entrou para o aplicativo de mensagens Telegram. Ainda de acordo com os assessores, o celular do titular da Economia foi clonado após a mensagem de aviso de que o número havia sido incluído no aplicativo.
No dia seguinte, a PF deflagrou, com autorização da 10ª Vara Federal de Brasília, a operação Spoofing, que prendeu os quatro suspeitos de hackear celulares de autoridades, entre as quais o ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Os policiais não revelaram o nome do suposto hacker que teria a conta de Paulo Guedes aberta no celular na hora em que foi preso pela PF nesta terça (23). Foram presos pela Operação Spoofing:
- Gustavo Henrique Elias Santos: era DJ e já foi preso por receptação e falsificação de documentos; foi detido pela PF em São Paulo
- Suelen Priscila de Oliveira: mulher de Gustavo, não tinha passagem pela polícia; foi presa junto com o marido em São Paulo
- Walter Delgatti Neto: conhecido como Vermelho, já foi preso por falsidade ideológica e por tráfico de drogas; foi preso em Ribeirão Preto pela PF
- Danilo Cristiano Marques: foi preso em Araraquara e já teve condenação por roubo
“No celular do indivíduo estava uma conta no aplicativo de mensagens vinculada com o nome Paulo Guedes, Precisamos confirmar isso de forma pericial mas é um forte indicativo de que a conta seja realmente a do ministro”, declarou o diretor do Instituo Nacional de Criminalística, Luiz Spricigo Júnior, durante uma apresentação à imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, em Brasília, para esclarecer pontos da investigação.
Mil alvos
Os investigadores da Polícia Federal que atuam na Operação Spoofing também informaram na apresentação desta quarta-feira que já têm condições de afirmar, com base na apuração prévia, que aproximadamente 1 mil diferentes números telefônicos foram alvo do mesmo modus operandi usado para supostamente invadir o celular de Sérgio Moro.
“Algumas constatações que já foram possíveis em relação ao que vínhamos analisando previamente e estão aparentemente se confirmando neste momento. Nós estamos estimando aproximadamente mil números telefônicos diferentes foram alvos deste mesmo modus operandi por esta quadrilha”, observou o coordenador-geral de Inteligência da Polícia Federal, delegado Vianey Xavier Filho.
Anatel
O diretor do Instituto Nacional de Criminalística anunciou na exposição aos jornalistas que a PF vai enviar um ofício à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) solicitando uma reunião com a área técnica da agência reguladora.
No encontro, os policiais pretendem apresentar o modus operandi utilizado pelos criminosos para invadir celulares e tentar encontrar uma solução técnica para barrar essas ações de hackers.
Os investigadores que atuaram na apuração das invasões dos celulares do ministro da Justiça, de magistrados e policiais apontaram que os suspeitos de terem feito o hackeamento dispararam 5.616 ligações para os telefones das autoridades por meio de robôs para congestionar as linhas e, com isso, viabilizar o acesso às contas do aplicativo de mensagens Telegram.
A informação foi detalhada em trecho do despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que determinou a prisão de quatro suspeitos de envolvimento nas invasões dos celulares por meio da Operação Spoofing.
Ao longo da decisão, o magistrado do Distrito Federal relata o suposto modus operandi utilizado pelos acusados de hackeamento para obter as conversas do Telegram das autoridades.