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Projeto ajuda brasileiros que querem ter residência fixa ao se mudar para Portugal

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“Vou Mudar Para Portugal” foi criado há cinco anos pela empresária Pati Lemos após sentir falta de um canal para auxiliar os estrangeiros recém-chegados aos país.

Ao decidir se mudar para Portugal para se dedicar aos estudos, o cearense Rinaldo Batista teve, entre outras coisas, que se preocupar primeiro em conseguir uma moradia em Lisboa onde vive há cinco anos. Logo ao desembarcar no país, inicialmente morou na residência de um amigo e depois alugou um local para residir sozinho. Atualmente divide um apartamento alugado com outras quatro pessoas em um bairro chamado Alameda.

“Com relação a moradia, aqui é muito comum você trocar de lugar. Você está em um lugar e de repente se muda para outro. De uns tempos para cá ficou mais fácil procurar moradia antes de chegar aqui, entretanto existe o entrave de alguma documentação que é necessária para fazer contratos de arrendamento”, explica.

De acordo com um relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do país europeu divulgado em junho deste ano, os brasileiros correspondem a quase um terço de todos os estrangeiros que vivem em Portugal. Em 2021, a população estrangeira residente no país totalizou 698.887 cidadãos.

Cearense Rinaldo Batista, de 34 anos se mudou para Portugal em 2017 — Foto: Arquivo pessoal

Cearense Rinaldo Batista, de 34 anos se mudou para Portugal em 2017 — Foto: Arquivo pessoal

Batista, que está no 3º ano do curso de relações internacionais na Universidade de Lisboa, acredita que vai precisar de mais tempo para poder enfim adquirir um imóvel próprio em Portugal ou em algum outro país se decidir viver na Europa.

“Quero construir meu futuro aqui. Evidentemente que vou precisar de um imóvel. Mas isso é um planejamento a longo prazo, que não tem data para começar, seja aqui em Portugal ou em outro país”, diz.

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Ajuda para brasileiros

 

E é justamente para auxiliar brasileiros com intenção de comprar um imóvel no país que surgiu o projeto “Vou Mudar Para Portugal”, desenvolvido pela empresária Pati Lemos que vive há cinco anos no país. Segundo ela, a decisão pelo aluguel ou compra vai depender do quanto de reserva o estrangeiro vai dispor ao chegar no país.

“Tudo depende da reserva que a pessoa tem para dar a entrada em um imóvel. Se ela tiver essa capacidade financeira, vale a pena comprar, porque o valor do financiamento será em média a metade do que pagaria de aluguel pelo mesmo imóvel. Para quem não tem essa reserva, alugar em um primeiro momento é uma solução, mas é preciso ter no radar que é mais vantajoso comprar assim que possível”.

Pati Lemos é criadora do projeto que ajuda brasileiros que desejam ter moradia em Portugal — Foto: Arquivo pessoal

Pati Lemos é criadora do projeto que ajuda brasileiros que desejam ter moradia em Portugal — Foto: Arquivo pessoal

O projeto, que além de ajudar brasileiros também auxilia cidadãos de outras nacionalidades, nasceu da necessidade de encontrar um canal que tivesse informações para quem estava chegando ao país sem informação alguma de como se estabelecer.

“Vim para cá em 2017 com meu marido, meus filhos gêmeos, minha mãe já com 78 anos e uma cachorra. De repente, já vivendo aqui, nos tornamos referência para os amigos e conhecidos, cada vez mais ávidos por informações sobre Portugal. Somando essa percepção do interesse cada vez maior de brasileiros por Portugal à minha ampla experiência com o digital, criei o canal @voumudarparaportugal com informações e serviços para quem quer organizar a sua própria jornada rumo a Portugal. São já 4 anos de trabalho intenso”, explica.

Para os recém-chegados, o que mais pode ser sentido é o choque realidade e que é fundamental ter calma para conseguir a adaptação e um bom lugar para se estabelecer, segundo a empresária.

“O brasileiro precisa estar preparado para uma queda no seu padrão de vida. Vai morar num imóvel menor, provavelmente sem nenhuma infra-estrutura de lazer, mas ganhará um país inteiro para desfrutar ao ar livre, com muitas praças, parques e praias. Além disso, há o desafio de ter que desacelerar. Não existe a cultura do “tudo para ontem”. É preciso se acostumar com um novo ritmo de vida”, revela

Aquisição de imóveis

 

Se no Brasil, o processo de aquisição de imóveis pode demorar meses, em Portugal a espera pode ser menor que 30 dias.

“Não é demorado nem burocrático, inclusive é possível efetuar a compra e adquirir um financiamento mesmo estando no Brasil, utilizando a renda do Brasil. Os bancos portugueses estão super adaptados ao cliente estrangeiro. Hoje temos inúmeros nacionalidade investindo aqui. O prazo total entre ver um imóvel, solicitar um financiamento e escriturar pode chegar a menos de 25 dias. É muito rápido”, complementa.

Com relação aos valores, Pati lembra que tudo depende de qual região do país ou da capital, o estrangeiro vai decidir morar. “Varia muito. Depende do tamanho, do estado do imóvel e, principalmente, da localização. Só a título de exemplo, um apartamento de 2 quartos remodelado, no Campo de Ourique, que é uma boa região em Lisboa custa entre 450 e 500 mil euros. Este mesmo imóvel alugado deverá ter um valor em torno de 2 mil euros por mês”, afirma.

Para os que pretendem se aventurar a viver em Portugal, a empresária aconselha aos novos moradores a terem um bom planejamento e não ter medo dos desafios. Outra dica importante é esquecer a conversão da moeda e focar em ganhos em euros.

“Com planejamento meticuloso, não há o que temer. A grande dor dos brasileiros é como se manter em um país que, quando se faz a conversão de euros em reais, é um país caro. Por isso, o desafio é fazer dinheiro em euros. Lembre-se que o valor de uma cesta básica em São Paulo e Rio de Janeiro consome 67% do salário mínimo brasileiro, enquanto que o equivalente a uma cesta básica em Portugal consumiria apenas 25% do salário mínimo português”, conclui.

G1 CE

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