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Termina a votação das eleições legislativas da Argentina; boca de urna dá vitória a Macri

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Terminou por volta das 19h (horário de Brasília), a votação nas eleições legislativas da Argentina neste domingo (22), consideradas o primeiro grande desafio deleitoral do presidente Mauricio Macri desde que ele assumiu o poder, em 2015. A previsão é que o resultado da apuração comece a ser divulgado a partir das 22h (horário de Brasília).

A coalizão de Macri se impôs nas eleições legislativas de meio mandato, segundo pesquisas de boca de urna citadas pelos canais de televisão TN e América 24. Já o governo pediu paciência à população e não arriscou fazer previsões.

Do outro lado, a opositora Cristina Kirchner assegurou segundo as suas próprios pesquisas, que supera em votos do partido de situação na província de Buenos Aires, informa a agência EFE.

O secretário de Assuntos Políticos e Instituicionais do Ministério do Interior, Adrián Pérez, disse que 78% dos 33,1 milhões de cidadãos aptos a votar participaram, informou a imprensa local.

Os argentinos foram às urnas para renovar um terço do Senado e metade da Câmara dos Deputados. Não foram registrados incidentes de relevância durante a votação, que começou às 9h (horário de Brasília). No total, foram abertas 90.084 mesas eleitorais em 14.500 postos de votação.

A agência EFE informa que aproximadamente 106 mil membros de polícia, da prefeitura de Buenos Aires e das forças armadas foram desdobrados para garantir a segurança.

Ao longo do período de votação, dois colégios da capital e a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires tiveram de ser esvaziados por ameaças de bombas, mas as votações foram retomadas após a inspeção. Nos últimos dias, foram registradas quase 3 mil chamadas não identificadas alertando sobre explosivos em diversas escolas.

Enquanto busca, com a disputa, mais apoio para aprovar suas reformas, Macri também se preocupa em barrar o avanço da ex-presidente e líder da oposição Cristina Kirchner (2007-2015). Ela concorre a uma cadeira no Senado.

A coalizão de centro-direita de Macri, Cambiemos, no poder desde dezembro de 2015, não conta com maioria relativa (87 de 257 deputados, 15 de 72 no Senado), mas conseguiu governar mediante alianças pontuais. Nestas eleições, estarão em jogo 40 de seus assentos na Câmara e 15 no Senado. Veja o gráfico abaixo.

Eleições legislativas na Argentina (Foto: G1/ Arte) Eleições legislativas na Argentina (Foto: G1/ Arte)

Eleições legislativas na Argentina (Foto: G1/ Arte)

Macri demonstrou otimismo

O presidente Macri demonstrou otimismo ao votar neste domingo.”Estamos contentes com o que vem acontecendo no país. Acreditamos que temos um grande futuro pela frente”, afirmou, segundo a EFE.

Ele também falou sobre a descoberta do corpo do ativista Santiano Maldonado, cujo desaparecimento provocou um grande debate público na Argentina, com possível influência no resultado das eleições.

Uma das principais suspeitas, sobretudo por parte da família e de organizações de direitos humanos, é de que policiais foram responsáveis por seu desaparecimento. Nesta sexta-feira (20), o irmão de Maldonado afirmou que reconheceu o corpo do ativista.

Mauricio Macri com a primeira-dama Juliana Awada após votar em Buenos Aires (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci) Mauricio Macri com a primeira-dama Juliana Awada após votar em Buenos Aires (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)

Mauricio Macri com a primeira-dama Juliana Awada após votar em Buenos Aires (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)

De acordo com a EFE, o presidente disse estar “preocupado” com o que aconteceu, mas pediu “prudência” e que as pessoas deixem a Justiça agir depois de que a autópsia revelou que o corpo não tinha lesões.

Já Cristina Kirchner não votou neste domingo porque tem seu domicílio eleitoral em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz. A cidade fica a 2,5 mil quilômetros de Buenos Aires, por onde ela sai candidata. De acordo com ela, os horários de voos disponíveis não permitiriam uma viagem de ida e volta no mesmo dia.

A ex-presidente argentina e candidata ao Senado Cristina Kirchner deixa seu 'bunker', o Instituto Pátria, em Buenos Aires, neste domingo (22), dia em que ocorrem as eleições legislativas do país (Foto: Carlos Brigo/Telam/AFP) A ex-presidente argentina e candidata ao Senado Cristina Kirchner deixa seu 'bunker', o Instituto Pátria, em Buenos Aires, neste domingo (22), dia em que ocorrem as eleições legislativas do país (Foto: Carlos Brigo/Telam/AFP)

A ex-presidente argentina e candidata ao Senado Cristina Kirchner deixa seu ‘bunker’, o Instituto Pátria, em Buenos Aires, neste domingo (22), dia em que ocorrem as eleições legislativas do país (Foto: Carlos Brigo/Telam/AFP)

Impacto do caso Maldonado

Argentinos protestam nesta quarta-feira  (18) na Praça de Maio, em Buenos Aires, um dia após a descoberta do corpo do Santiago Maldonado (Foto: AFP/ Eitan Abramovich) Argentinos protestam nesta quarta-feira  (18) na Praça de Maio, em Buenos Aires, um dia após a descoberta do corpo do Santiago Maldonado (Foto: AFP/ Eitan Abramovich)

Argentinos protestam nesta quarta-feira (18) na Praça de Maio, em Buenos Aires, um dia após a descoberta do corpo do Santiago Maldonado (Foto: AFP/ Eitan Abramovich)

Pesquisas divulgadas antes do caso Maldonado apontavam que Bullrich estava entre 2 e 5 pontos à frente de Cristina. Bullrich foi ministro da Educação de Macri, mas é um desconhecido dos eleitores. Quem vota nele, está votando, na verdade, no presidente Macri e na governadora da província, Maria Eugenia Vidal, os dois políticos com maior imagem positiva na Argentina atualmente, de acordo com a agência France Presse.

Kirchner, entretanto, não conseguiu capitalizar o mal-estar dos argentinos, cujo poder de compra foi deteriorado por uma inflação que o governo não consegue controlar. Os preços aumentaram 40% em 2016 e 17% nos primeiros nove meses deste ano.

Processada em vários casos de corrupção, a ex-presidente nega que sua candidatura ao Senado tenha como objetivo a imunidade parlamentar.

Peronismo dividido

O cientista político Fernando Ohanessian, em entrevista à AFP, atribui o sucesso previsto do governo nas legislativas de domingo à “divisão do peronismo”, e estima que isso “permite ao governo consolidar-se como primeira força política”.

O movimento peronista, fundado em 1945 pelo ex-presidente Juan Perón, está atualmente dividido entre Cristina Kirchner, de centro-esquerda, e uma corrente mais centrista encarnada pelo deputado Sergio Massa.

“Se, depois da eleição, o cenário for um processo de união do peronismo, isso complicará para o governo. Se (o peronismo) não reunificar, o governo poderá pensar em uma estratégia para buscar um segundo mandato” em 2019, acrescentou o cientista político.

Carlos Menem

Foto divulgada pelo Centro Argentino de Informação Judicial mostra o ex-presidente Carlos Menem, acompanhado por sua filha Zulema, durante audiência de seu julgamento, em 2 de março, em Buenos Aires (Foto: AFP Photo/CIJ) Foto divulgada pelo Centro Argentino de Informação Judicial mostra o ex-presidente Carlos Menem, acompanhado por sua filha Zulema, durante audiência de seu julgamento, em 2 de março, em Buenos Aires (Foto: AFP Photo/CIJ)

Foto divulgada pelo Centro Argentino de Informação Judicial mostra o ex-presidente Carlos Menem, acompanhado por sua filha Zulema, durante audiência de seu julgamento, em 2 de março, em Buenos Aires (Foto: AFP Photo/CIJ)

O ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), de 87 anos, também deseja um novo mandato como senador da província de La Rioja (noroeste), seu bastião político, apesar de ter sido condenado a sete anos de prisão por contrabando de armas a Croácia e Equador durante seu governo, violando um embargo internacional.

Na Argentina, os foros parlamentares não impedem processo e julgamento do legislador, mas não permitem sua detenção.

G1

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