Trump escolhe Jerome Powell para assumir a presidência do Fed

“A Yellen é mais dovish (mais tolerante com a inflação), portanto mais favorável a juros baixos. A continuidade dela significaria manter as coisas como estão. Powell é diretor do Fed, portanto significa uma mudança um pouco menor. A gente já sabe o que ele pensa. É um pouco mais hawkish (viés maior de austeridade monetária) que a Yellen, de vez em quando acha que tem que elevar os juros um pouquinho mais rápido. Com ele escolhido, a expectativa é que os juros aumentem um pouquinho mais rápido do que com a Yellen,” disse Everton Carneiro, analista econômico da RC Consultores.

Essa é a primeira vez desde o governo de Jimmy Carter, na década de 1970, que um presidente americano não confirma para um novo mandato alguém nomeado pelo antecessor.

Após duas altas ao longo deste ano, a taxa básica de juros nos EUA está no patamar de 1% a 1,25% e deve aumentar novamente na última reunião de 2017, em dezembro.

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Powell trabalhou como Secretário Adjunto e como Subsecretário do Tesouro durante o mandato do presidente George W. Bush. Antes de ingressar na administração pública, ele trabalhou como advogado e banqueiro em Nova York.

O novo presidente também atuou em conselhos de instituições de caridade e educação, incluindo o Bendheim Center for Finance da Princeton University e The Nature Conservancy de Washington.

Powell nasceu no mês de fevereiro de 1953, em Washington. Ele tem um título de bacharel em política pela Universidade de Princeton, de 1975, e obteve também um diploma de direito da Universidade de Georgetown, em 1979. Enquanto estava em Georgetown, foi editor-chefe do Georgetown Law Journal. O escolhido por Trump é casado e tem três filhos.

A medida em que a relação de Trump com o principal assessor econômico da Casa Branca, Gary Cohn, azedou, o presidente americano desistiu de renomear Yellen, apesar de ampla aprovação de suas políticas, e passou a ver outras duas opções como riscos à economia.

No final, foi Powell, nativo de Maryland, ciclista ávido e guitarrista nas horas vagas, que cumpriu todos os requisitos que importavam e não apresentou pontos negativos.

“Jay não vem com bagagem. Ele nunca esteve nos extremos”, disse Steve Bell, que trabalhou com Powell no think tank Centro de Política Bipartidária e quando Powell esteve no Departamento do Tesouro, durante o governo do ex-presidente George H.W. Bush.

Quando comparado com outros possíveis candidatos, que pediram às vezes amplas, porém mal definidas, mudanças no Fed, Powell assume “uma linha tática direta” que oferece uma continuação às políticas de Yellen, uma abordagem moderada para regulamentação do banco e, talvez mais importante, a perspectiva de nenhuma surpresa, disse Bell.

A experiência de Powell no setor privado provavelmente também atraiu a atenção de Trump, que tem preferência por figuras empresariais, em vez de PhDs.

Ele não é um cara que tem uma regra que leva seu nome. Ele não é um cara que disse no passado que nós teremos uma reação ruim para flexibilização quantitativa e que isto é um desastre”, disse Bell em uma referência ao economista da Universidade de Stanford John Taylor e ao ex-diretor do Fed Kevin Warsh.

Taylor, que desenvolveu a “Regra Taylor” para orientação de política monetária, e Warsh, que se demitiu por conta do grande programa de estímulo de compra de títulos do Fed, que muitos atualmente creditam como causador de impulso para a economia dos EUA após a recessão de 2007 a 2009, foram entrevistados para o cargo no Fed.

Indiscutivelmente ambos tinham vantagem na disputa pelo cargo, o apoio dos Conservadores e um apoio firme do Conselho Editorial do Wall Street Journal. No entanto, também carregavam o risco de volatilidade para o mercado financeiro, com investidores considerando cada um como alguém que poderia apertar a política monetária do FED, o que Trump já indicou que pretende evitar.