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Bia e Branca Feres avaliam vida pós aposentadoria do nado: “Estamos curtindo essa liberdade”

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“Nosso sonho era ser a Ariel. Quando criança, a gente amarrava as nossas pernas e ficávamos pulando pela casa”, conta aos risos Bia e Branca Feres, ao colocarem caudas de sereias para fotografar numa das piscinas do Discovery Cove, em Orlando, na Flórida. No parque temático, que reproduz uma ilha tropical paradisíaca, as gêmeas e ex-atletas olímpicas do nado sicronizado voltaram às águas — dois anos depois da aposentadoria do esporte aquático — e ainda tiveram contato com a beleza da vida marinha.

Bia e Branca Feres se divertem nas piscinas do Discovery Cove Léo Mayrinck/ Divulgação

“Foi muito gostoso nadar com as nossas primas, com os golfinhos (eles são muito fofos!) e arraias. O mergulho com o escafandro foi demais. Muito bom ter esse contato com os animais e aprender mais sobre eles”, diz Branca, sobre a experiência no parque.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

TRANSFORMAÇÃO DO CORPO
Em agosto de 2016, depois de conquistarem o sexto lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Bia e Branca — com 22 anos de carreira — deixaram o nado sincronizado, com isso os corpos das duas passaram por transformações significativas. “A gente teve que aceitar nosso novo corpo, esse período de adaptação para ele entender que não treinava mais oito horas por dia. Hoje, não temos o percentual de gordura que tinhamos antes, algo em torno de 3%, 4%, o que é muito baixo para mulher. Perdemos muitos músculos, mas estamos vestindo a mesma numeração de antes que é 36, 38. Me sinto mais feminina hoje. Não tenho mais a barriguinha trincada de antes, mas estou muito satisfeita”, conta Bia, que ganhou seis quilos desde então.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

“Por não ter mais a cobrança de ficar magra, sou uma pessoa mais relaxada com a alimentação. Antes eu era supercontrolada, tinha sonhos em que comia brigadeiro e que mamava leite condensado na lata. Hoje, se eu quiser comer porcaria, eu como, mas aí, dou uma segurada na onda. Gosto de ser saudável, de fazer exercícios de forma saudável, nada de exagero como antes. Fazemos ioga, boxe e corrida, exercícios que nos dão prazer”, explica Bia.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

LIBERDADE PARA COMER
“Eu estava tão feliz, de férias, que não estava ligando muito. Óbvio que estava com uma pancinha, mas não queria subir na balança. Me dei conta (de que tinha engordado) quando fui para um casamento e levei três vestidos para a casa do meu namorado: um não fechou, o outro ficou extremamente apertado e o único que fechou, quando eu respirei, estourou o bordado (risos). Aí, me pesei e estava com 64 quilos, isso porque eu já estava fechando a boca”, lembra Branca, que chegou a engordar 10 quilos em três semanas.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

“Na época em que treinávamos, comíamos muito pouco, só fibras, folhas e proteínas. Carboidrato só de manhã. Bebida alcoolica, nem pensar, porque destrói. Hoje sou muito feliz, cozinho, faço risoto à noite, tomo um vinho com o meu namorado. Estamos curtindo muito essa liberdade. Perdemos muitas coisas da adolescência e agora, com 30 anos, estamos curtindo essas coisas banais. Não ter que acordar e ir para a piscina é maravilhoso, a gente acordava 5h36 para treinar. Era um regime militar e a gente era muito disciplinada”, diz Branca, que em um dos dias do café da manhã em Orlando misturou: chantilly, caramelo e Nutella. E ainda tomou, sem preocupação, refrigerante nos outros dois parques temáticos: o SeaWorld Orlando e o Busch Gardens Tampa.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

MONTANHAS-RUSSAS
Aliás, se tem uma coisa que as gêmeas gostam mais do que se esbaldar em comida deliciosa, é se divertir em montanhas-russas. “A Manta é muito legal, você vai deitada como se fosse uma arraia. A Mako também é demais, parece que você vai voar do carrinho porque só te prendem na parte de baixo. Para mim, é uma das mais emocionantes”, conta Branca, sobre as atrações do SeaWorld.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

“Já o Busch Gardens é nosso parque favorito, porque nós somos vidradas em montanhas-russas. A Cheetah Hunt é muito gostosa porque acontecem coisas inesperadas. Geralmente, a subida da montanha-russa é devagar, mas na Cheetah o carrinho dá um arranque mega rápido, como se fosse a corrida do animal. A SheiKra já tinhamos ido antes, mas nunca na primeira fila. É muito legal porque a queda é quase negativa. Já o Safari foi uma experiência muito gostosa, poder ver os bichos de perto e alimentar a girafa foi incrível”, conta Branca.

Bia e Branca Feres (Foto: Juliana Vilas Bôas/ Divulgação)

CICLO OLÍMPICO
Se hoje em dia as meninas vivem um dia a dia mais tranquilo, com viagens internacionais frequentes e presenças vips em eventos, no passado não foi bem assim. Em 2013, as gêmeas decidiram voltar para a Seleção Brasileira de Nado Sincronizado para competirem nas Olimpiadas do Rio e, assim, encerrarem suas carreiras no auge. “Foi um sonho nadar as Olimpíadas em casa. Começamos a treinar para o ciclo olímpico pensando que seria o auge da nossa carreira e que iríamos encerrar bem. Porque é melhor parar o esporte do que ele te parar”, explica Bia, sobre a decisão de abandonar as piscinas.

Bia e Branca Feres (Foto: Juliana Vilas Bôas/ Divulgação)

“Nosso foco era total na Olimpíadas, a gente queria a vaga, a gente queria competir. Estávamos fora da Seleção e precisávamos voltar com ela já formada. Trabalhamos duro para conseguir voltar. A gente filmava os treinos para assistir em casa. No fim de semana a gente não saia da cama só vendo os vídeos sem parar. Fazíamos uma preparação física por trás, fora a parte psicológica, que ia de terapia a Cabala, passando por sessões de acupuntura. Nunca vi ninguém se esforçar tanto quanto a gente. Quem sai de um treino de 8 horas e vai para outro treino? Ninguém! A técnica mandou a gente afinar a perna, então íamos depois da piscina correr na academia. Eu corria e mentalizava as Olimpíadas. Todo dia eu rezava e pedia por isso”, contam as gêmeas.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

No entanto, o sonho das Olimpíadas não foi tão doce quanto elas imaginavam. “Eu falava que nadar as Olimpíadas é fazer uma prova de 3 minutos e meio e uma prova de 2 minutos e 50. São 5 minutos do que você faz todos os dias, mas alí, você não pode errar! Se eu fiquei nervosa? Não, nadar as Olimpíadas foi fácil, chegar e nada concentrada, focada, é tranquilo. O difícil foi treinar todos os dias com chuva, na água gelada e com uma equipe que a convivência não era boa, infelizmente. Não foi a equipe mais unida que tivemos. Assim como na TV, no trabalho, o meio do esporte é muito competitivo. E quando fica competitivo entre si, prejudica muito o time. Infelizmente, a gente não teve um ciclo agradável. Ninguém estava 100% feliz, foi estressante para todos. Até a psicóloga (da equipe) ficou preocupada. Mas valeu a pena, faríamos tudo de novo!”, diz Branca.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

NOVOS PROJETOS
Com experiência na TV — elas já apresentaram programas na MTV e na Fox Sports e foram repórteres do Vídeo Show — as gêmeas resolveram estrear também na internet. Até o fim do ano, elas pretendem lançar o canal  + Que Gêmeas, Twins, no Youtube, onde vão mostrar o seu dia a dia agitado e engraçado. Inclusive, elas fizeram questão de registrar todos os momentos nos parques temáticos do grupo SeaWorld Parks & Entertainment e a viagem a Orlando para o novo projeto. “Terá uma pegada diferente dos outros canais, vamos mostrar a loucura que somos, como somos agitadas. Também teremos quadros com atletas por causa do Panamericano de 2019. Mas vamos testar os formatos para ver o que agrada ao público. Vai ser bem dinâmico”, promete Bia e Branca.

Bia e Branca Feres (Foto: Léo Mayrinck/ Divulgação)

“Assistimos a muitos vídeos no Youtube para estudar. A gente teve que correr atrás, porque estávamos muito focadas na água e o mundo mudou. Antes fazíamos muitos comerciais e agora é tudo online. Tivemos que aprender a mexer nas redes sociais”, explica Bia, que faz questão de passar valores importantes nas redes. “A gente quer passar valor de familia, da nossa união, de saúde, de alegria…a gente quer passar verdade! Prezamos muito ser um bom exemplo para a próxima geração. Queremos que as meninas se inspirem na gente, que queiram ser atletas, não só do nado, como de outros esportes”, completa Branca.

Bia e Branca Feres (Foto: Juliana Vilas Bôas/ Divulgação)
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