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Filhos de ex-funcionários da Mesbla retomam a marca, falida há 23 anos

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Irmãos investiram R$ 500 mil nos direitos da marca, que já tem um novo ecommerce no ar

Ricardo Viana, advogado e filho de ex-funcionário da Mesbla

DIVULGAÇÃO/MESBLA

Vinte e três anos após sua derrocada, a marca Mesbla foi resgatada por dois irmãos, filhos de ex-funcionários da varejista, que foi um gigante no passado, com mais de 180 lojas espalhadas pelo país, em seu auge.

O empreendedor Marcel Jerônimo e o advogado Ricardo Viana desembolsaram R$ 500 mil, com recursos da família, pela licença de uso da marca. A Mesbla está com roupagem nova, bem distante da que caracterizava as megalojas do passado: seu formato será apenas online, por meio de um marketplace, que é aquele em que lojistas se “plugam” à plataforma.

O pai de Marcel e Ricardo, Alfeu Viana, trabalhou na Mesbla por seis décadas – teve na varejista o seu único emprego. Ele se aposentou quando foi decretada a falência da empresa, em 1999, quase 90 anos após sua fundação, em 1912. “Foi um período muito conturbado, meu pai sentiu muito. O baque foi muito grande”, conta Viana, que, antes do investimento na marca, atuava como advogado autônomo nas áreas civil e trabalhista.

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“Se eu falar que nós somos como filhos da Mesbla, não seria algo distante da realidade”, conta o advogado e agora empresário do setor de varejo. Isso porque, detalha, seu pai conheceu sua mãe, Adeilza Viana, quando os dois trabalhavam na varejista – ela era uma das vendedoras. Seu irmão e sócio na empreitada, Marcel, teve também na varejista seu primeiro emprego, aos 14 anos. “A Mesbla é como se fosse um parente.”

Não é a primeira vez que uma varejista que faliu tem uma segunda chance como marca online. O Mappin, que chegou a compartilhar o mesmo dono da Mesbla, mas também não sobreviveu, teve destino igual. Tornou-se um site de comércio eletrônico, após ser comprado pelos donos do grupo Marabraz, embora sem grande relevância no cenário nacional.

Interesse de décadas

De acordo com Viana, desde a falência da Mesbla, o interesse na marca sempre ficou latente, até a chegada da pandemia, quando ele percebeu, ao lado do irmão, que a marca poderia ter um novo espaço no mercado se operada digitalmente. “Entendemos que hoje em dia há espaço para todo mundo no mercado, que está em franca ascensão”, disse ele. 

No ano passado, segundo os dados que Viana traz embaixo do braço, o ecommerce brasileiro cresceu 26,9%, em comparação com o ano de 2020. O segmento teve faturamento próximo a R$ 160 milhões, de acordo com pesquisa da empresa Neotrust, responsável por monitorar 85% do ecommerce do país.

Em 2020, a dupla passou a montar o projeto, com a intenção séria de fazer o investimento. O conhecimento do mercado de varejo, de acordo com Viana, vem do irmão, que atua no setor de logística e conhece mais de perto varejistas e marketplaces. Fora isso, um ingrediente não menos importante, segundo ele, virá do pai, hoje com 75 anos, que vem ajudando na montagem do negócio. 

O site da empresa, agora um marketplace com ofertas de eletrônicos, informática e brinquedos, já está no ar, com 250 mil produtos disponíveis aos consumidores. A conversa com os lojistas tem sido positiva, diz o empreendedor, que evita revelar metas ou planos futuros.

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‘Saudosismo’


Com a aposta no “saudosismo” para levantar as vendas junto aos clientes, o ecommerce da Mesbla terá agora de brigar não apenas com gigantes como Magazine Luiza, Americanas e Mercado Livre, mas também com asiáticas como Aliexpress e Shopee. Um dos diferenciais competitivos dessas plataformas tem sido as taxas competitivas para os consumidores, bem como investimentos pesados em logística.

Do lado da Mesbla.com, a estratégia terá como foco o atendimento humanizado. “Queremos esse tratamento mais direto, pessoa a pessoa”, finaliza Viana.

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R7

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