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Mães de crianças internadas em UTI de Fortaleza dormem em capela de hospital

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Mães de pacientes internados em UTI infantil de Fortaleza dormem na capela do hospital

Mães de pacientes internados em UTI infantil de Fortaleza dormem na capela do hospital

Acompanhantes de pacientes no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), mães que ficam com os filhos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da unidade em Fortaleza denunciam que precisam dormir na capela do local. Cerca de 15 mulheres dividiam o bancos e o chão até a última segunda-feira (30), quando as UTIs 1 e 3 foram danificadas pela chuva e os pacientes foram realocados. Pelo menos cinco pessoas ainda estão no lugar de descanso improvisado.

O hospital informou que o prazo para concluir os reparos na UTI é até o dia 7 de janeiro e disse também que as mães podem dormir em abrigos, com um transporte saindo diariamente da unidade de saúde até os locais.

Mães dormem em bancos e no chão da capela do hospital. — Foto: Arquivo pessoalMães dormem em bancos e no chão da capela do hospital. — Foto: Arquivo pessoal

Mães dormem em bancos e no chão da capela do hospital. — Foto: Arquivo pessoal

Uma das mulheres que denunciaram a situação percorreu mais de 100 km em busca de atendimento para a filha de quatro anos. A menina está com pneumonia grave. “Quem mora aqui [em Fortaleza]consegue ir dormir em casa porque não são todas que aguentam dormir no chão. Nós que moramos no interior não temos outra opção: a gente tem que dormir no chão para ficar perto dos nossos filhos”, relata.

Segundo a mãe, que está há mais de um mês acompanhando a filha no Hias, a chuva não afetou apenas as alas hospitalares. “Eu estou na capela, que é onde ficam as mães da UTI, que também está alagada e a gente está dormindo no banco. Antes nós estávamos dormindo no chão, mas, como está muito alagado e quando chove molha tudo, a gente está dormindo nos bancos”, relata.

A mulher denuncia ainda que ela e outras mães precisam se preocupar com a limpeza do local para evitar que os filhos tenham qualquer tipo de infecção.

Outra acompanhante, que também optou por manter a identidade preservada, deixou de dormir na capela, local que considera muito ruim, após ter sido transferida para outro ponto do hospital. “Na nova emergência tem um quarto para o repouso das mães com TV, ar-condicionado e colchões. As mães da UTI que estão lá dormem no repouso materno, mas as que ficaram no Sabin mesmo, dormem na capela”, denuncia.

Ela percebeu profissionalismo na equipe médica, que foi rápida ao fazer a transição dos pacientes, mas avalia que a estrutura ainda é um obstáculo ao bem-estar das acompanhantes. “Quando é cedinho e começa o movimento, querendo ou não, a gente precisa levantar. Sem contar que a capela é muito quente”, relata, ao lembrar dos dias que ficou no abrigo.

“Eu sempre me pergunto há quanto tempo, meu Deus, que esse povo dorme na capela. Há quantos anos isso acontece? Talvez o medo deles seja acabar com a questão de dormirem na capela, que ninguém denunciou, porque não tem quem consiga dormir longe do filho. Ainda mais quando a criança está (numa situação) mais delicada.”

Sair de muito longe e não ter outra opção para descansar é o caso de uma terceira mãe ouvida pela reportagem, que também pediu para não ser identificada. Ela saiu de um município a cerca de 40 km da capital cearense. Segundo a mãe, “a situação é ruim, [porque]se chove entra água”. “Saíram da UTI e botaram [os pacientes]em um bloco para fazer de UTI até a reforma. Eu tô achando muito apertado”, acrescenta.

O Hias informou que as mães que acompanham os filhos podem passar a noite e o dia no Lar Amigos de Jesus ou na Casa Amigo de Jesus. Elas podem, ainda, fazer as refeições nesses locais. De acordo com hospital, uma van sai diariamente do Hias para estes abrigos.

Em nota, o Hias afirmou também que os reparos na UTI devem ser concluídos até o dia 7 de janeiro e que, após o vazamento de água na UTI na última segunda-feira (30), “por medida de segurança, os pacientes foram realocados para outras salas de UTI do Hias e para o Hospital Waldemar de Alcântara, unidade da rede da Secretaria da Saúde do Ceará”. O hospital ainda lamentou “o incidente”.

Não foi respondido como os acompanhantes são recebidos na unidade.

Confira a nota na íntegra:

O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) informa que o prazo para conclusão dos reparos na UTI é até esta terça-feira, 7 de janeiro.

O Hospital ratifica que, assim que ocorreu o vazamento de água na segunda-feira, 30 de dezembro, foi iniciado o reparo imediato das instalações da UTI. Por medida de segurança, os pacientes foram realocados e acomodados em UTI do próprio Albert Sabin e do Hospital Waldemar de Alcântara, assim como em salas com capacidade para receber aparato de UTI no Hias.

Com os reparos da estrutura, estão sendo revisados rede elétrica, teto e calhas. Sobre o quadro clínico dos pacientes, o Hias esclarece que é estável e todos estão sob os cuidados de equipe multidisciplinar.

*Sob supervisão de Márcio Dornelles e Mariana Lazari

G1 CE

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