Sobe para 5 o número de mortes confirmadas no prédio que desabou em Fortaleza
O engenheiro técnico apontado em documento como responsável por reforma no edifício Andrea e proprietário da empresa Alpha Engenharia, José Andreson Gonzaga dos Santos, esclareceu à polícia que começaria as obras no prédio no último dia 15 de outubro, data em que a edificação desabou, por volta das 10h30.
A versão contraria o que foi dito por moradores, que afirmam que o início das obras do prédio em Fortaleza se deu em 14 de outubro.
“Eu ainda reclamei daquele serviço. O cara descascou todas as colunas. Cinco colunas. Quando ele foi mexer no pilar principal, deu um papoco e os ferros estouraram, e o prédio desceu” afirma Paulo Bezerra Martins, morador do primeiro andar do edifício Andrea.
José Andreson se apresentou voluntariamente à polícia para prestar esclarecimentos. Segundo ele, os serviços foram autorizados pelo condomínio em 14 de outubro, data em que efetuou o pagamento para a emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento necessário para a execução da reforma.
No mesmo dia, ele esteve com funcionários no prédio e deixou materiais e equipamentos para as obras.
O Corpo de Bombeiros confirmou nesta quinta-feira a quinta morte no desabamento. Sete pessoas foram resgatadas com vida, e cinco estão desaparecidas.
O que Andreson disse à Polícia Civil
- Que visitou o edifício Andrea em 21 de agosto e presenciou “que os pilares já demonstravam as ferragens com nível de corrosão muito alto”;
- a síndica afirmou que o serviço da recuperação dos pilares e das vigas já havia sido executado anteriormente por um outro pedreiro;
- o aço das colunas estava completamente comprometida com ferrugem;
- fez um orçamento no valor de R$ 22.200 para recuperação dos pilares e das vigas do condomínio
- por volta das 10:07 do dia 15 falou para síndica, Maria das Graças Rodrigues, que havia tirado o ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que autorizava o serviço;
- no momento do acidente, Andreson e os funcionaram estavam debaixo do condomínio, tendo todos sofrido ferimentos, mas não chegaram a ficar sob os escombros.
Bombeiros voltam a trabalhar na área dos escombros em Fortaleza — Foto: José Leomar/SVM
O desmoronamento, diz José Andreson, aconteceu aproximadamente 20 minutos depois da emissão da ART. Na ocasião, um engenheiro, denominado no pronunciamento como Carlos, e um pedreiro, Amauri, estavam debaixo do condomínio, tendo todos sofrido escoriações pelo corpo, mas nenhum deles chegou a ficar embaixo dos escombros.
Moradores apontam erro
Empresa vistoriou edifício Andrea um mês antes do desabamento e encontrou pontos críticos na estrutura — Foto: Reprodução
Um dos moradores do edifício, o advogado Paulo Bezerra Martins, afirma, contudo, que as obras tiveram início no dia 14 de outubro. Ele alegou que um engenheiro que também morava no prédio comentou com ele que a obra estava incorreta. “Ele me disse que no prédio de um colega dele, demoraram 60 dias para fazer o que foi feito aqui em poucos dias desde o começo da obra”.
Ele saiu de casa momentos antes do desabamento para pagar o condomínio, já com a taxa extra da reforma. “A obra estava errada. Sete colunas foram descascadas e ficaram só no ferro. A estrutura não aguentou e o prédio desabou”, disse o advogado.
Documento aponta valor da obra de reforma do prédio que desabou em Fortaleza — Foto: Divulgação/CREA-CE
O que se sabe até agora
- Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
- Até a última atualização desta reportagem, havia 5 mortos, 7 resgatados com vida e 5 pessoas desaparecidas
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
- A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
- Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
- Vídeo mostra que as colunas de sustentação estavam com situação precária
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados